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Review | Dunkirk



Todo novo filme de Christopher Nolan é antecedido de muita expectativa desde O Cavaleiro das Trevas. Nolan conseguiu indicação de Melhor Filme no Oscar para A Origem anos depois e depois veio o fechamento da trilogia Batman e seu pretencioso projeto Interestelar. Pessoalmente acho O Cavaleiro das Trevas Ressurge um filme com algumas derrapadas feias, já o mesmo não penso de Interestelar, filme que acho excelente, diferente de uma grande parcela que não gostou do filme. De qualquer modo, Nolan, após apostar em um sci-fi espacial, decidiu se arriscar em um filme de guerra, baseado na fuga da praia de Dunkirk durante a Segunda Guerra Mundial.

Dunkirk mostra para nós as últimas horas antes do resgate das tropas britânicas da cidade francesa Dunquerque, narrando a história dos três protagonistas. O arco “Molhe” mostra o jovem Tommy (Fionn Whitehead) e outros que encontra pelo caminho tentando arranjar um modo de voltar para a Inglaterra. No arco “Mar” vemos o médico Sr. Dawson (Mark Rylance) indo com seu barco pessoal acompanhado de seu filho e um jovem amigo à Dunquerque ajudar no resgate dos soldados britânicos. Já no arco “Ar”, protagonizado pelo piloto Farrier (Tom Hardy) dando apoio aéreo junto à sua equipe para abater aviões do Eixo que estão bombardeando a praia repleta de soltados esperando por socorro.

Desde já vale deixar claro que o filme não possui um roteiro muito bem construído. Christopher Nolan, agora sem parceria com seu irmão Jonathan, faz apenas o simples para manter uma narrativa, nada além disso. O foco do filme está completamente na direção, representando da forma mais fiel possível duelos e modos de sobrevivência durante a Segunda Guerra.



O filme durante boa parte do tempo nos remete ao último ato de Titanic (1997), com foco na destruição de embarcações, afogamentos, claustrofobia e pânico, mas diferente da obra de Cameron, aqui não é deixado espaço para romance ou duelos morais enquanto todos estão à beira da morte.

Sabe-se que dirigir cenas aquáticas é um dos maiores desafios para qualquer diretor. Aqui Nolan demonstra um domínio absurdo em dirigir cenas nesse tipo de ambiente. O modo como é retratado os barcos afundando (com soldados dentro), sem falar no óleo seguido de fogo sobre o mar é algo desesperador e ao mesmo brilhante aos olhos, causando uma situação forte de imersão.

Outro tipo de situação complicada de ser retratada nos cinemas também é a de voos e principalmente batalhas aéreas. Raramente algum filme consegue passar um bom dinamismo nesse tipo de combate e principalmente tornar compreensível para o telespectador o que está acontecendo, já que a geografia nesse tipo de situação é no mínimo caótica. Novamente, um ponto que Nolan se supera e consegue manter com maestria, tornando esse provavelmente o melhor arco do filme (acompanhado por aquela velha estranha situação de achar carismático um personagem do Tom Hardy que mal fala e fica de máscara o filme todo).



Apesar de como eu já ter dito o roteiro ser algo pouco interferente no filme, ainda há momentos interessantes, todos no arco dos sobreviventes. Aqui é dado alguns conflitos morais envolvendo a sobrevivência e de como a ameaça de morte pode tornar todos selvagens com a mínima compaixão pelo próximo. Nisso temos o personagem Alex (Harry Styles) que, em um de seus poucos momentos relevantes, apenas gera ira de quem assiste.

A trilha sonora de Hans Zimmer é boa como sempre, mas menos marcante do que de costume. Aqui o objetivo é mais a sincronia com a ação, usando toques repetitivos e aparentemente intermináveis, mas quase sem o seu famoso uso de órgãos. Ainda falando do som, a mixagem do mesmo foi algo comentado bastante no lançamento do filme, principalmente pelo som alto dos tiros e explosões. Não se trata de nada muito absurdo, são sons fortes quando precisam e mais fracos quando não, é uma ferramenta de imersão que funciona de forma ótima.

Infelizmente, nem tudo são flores. O arco de Mark Rylance é bem fraco e fica abordando dramas pouco emotivos e que apenas soam de desequilíbrio para o filme. Enquanto os 2 outros arcos focam em algo mais frio, aqui Nolan tenta causar um drama desnecessário e apenas prejudicial à trama. Também é possível sentir falta de um roteiro mais bem elaborado, com a falta de Jonathan Nolan sendo fácil de notar. Claro, o objetivo do filme é ser frio e mais realista, mas considerando a existência do arco de Rylance, seria possível uma história mais elaborada para os outros personagens, por mais simples que fosse.



Dunkirk é um filme quase perfeito tecnicamente. Provavelmente desde Avatar nenhum filme teve um poder de impacto tão forte para os cinemas como esse. A imersão proporcionada pelo forte som acompanhado de um belo uso do IMAX, que permite uma total noção geográfica do filme, deixa em cheque a necessidade do 3D, que o próprio James Cameron, que o popularizou, pretende não usar mais. Nolan faz um trabalho notável como diretor de cenas grandiosas de cenas de ação, mas talvez pudesse ter dado apenas uma dose bem feita dos dramas que costuma inserir em seus filmes, por mais criticado que seja por alguns nesse aspecto.


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