Review | Planeta dos Macacos: A Guerra
Qual o direito de dominar outra
espécie? Em que momento se está no direito de atacar a paz alheia? Até que
ponto os problemas de um grupo são culpa de outro? Realmente não há espaço para
a coexistência de espécies durante o processo evolutivo? Desde a década de 60
esses são tópicos discutidos pela franquia Planeta dos Macacos, que durante
anos vem sendo metáfora parada desde o abuso de animais a conflitos raciais e
religiosos. Planeta dos Macacos: A Guerra finaliza a saga de César (Andy
Serkis) iniciada em Planeta dos Macacos: A Origem (2011), fechando com chave de
ouro uma das trilogias mais bem desenvolvidas da história do cinema,
principalmente do século XXI.
Após o ataque vingativo de Koba
aos humanos no filme anterior, a guerra entre a raça humana e os macacos
estourou e se tornou algo de importância evolutiva mais do que clara. César se
vê obrigado a manter forte suas tropas contra os humanos, em uma guerra que ele
sempre tentou evitar. O filme começa com os humanos finalmente encontrando a
fortaleza de César à fim de exterminá-lo, mas os homens acabam derrotados,
sendo reservado a eles retornar a seu coronel para mandar o recado de paz de
César. E não só de homens é formado o exército humano, desertores de César,
antigos seguidores de Koba, se juntaram aos inimigos em forma de vingança pela
morte de seu líder.
O espírito de paz de César morre
com poucos minutos de filme, com aquele macaco pacifista que conhecemos nos 2
filmes anteriores dando de cara com a pior crueldade que poderiam ter feito a
ele, assim deixando sua fúria e seu ódio se exaltarem em busca de vingança ao
Coronel (interpretado por Woody Harrelson). Enquanto seu povo segue em direção
à uma terra prometida que seria o lar definitivo para se manterem em paz, César
sai em uma caçada inicialmente solitária no que parece ser sua derrocada para
se tornar o que Koba era.
O ponto da história apresentado
aqui já é de um apocalipse humano quase iminente. Os resultados do vírus símio
voltam a ser questionados e a aparente inversão de virtudes e habilidades dos
primatas e dos humanos incita que o aguardado momento que a Terra se tornará o
planeta dos macacos está bem próximo.
Recheado de referências bíblicas,
Planeta dos Macacos: A Guerra é uma metáfora símia à uma mistura das histórias
de Moisés e Jesus Cristo, com a santificação de César como salvador de sua raça
sendo colocada à prova, com os embates entre macacos e humanos sendo facilmente
colocado em paralelo às guerras santas.
E nem só de inspiração bíblica
Matt Reeves e Mark Bomback utilizam, usando de clara influência cinematográfica
de filmes de Segunda Guerra Mundial e Guerra do Vietnã, além de filmes de
holocausto. As homenagens à Apocalypse Now chegam a ser óbvias, com momentos de
explicita referência.
A impossibilidade de coexistência
entre grupos diferentes em um mesmo espaço é desenvolvida nesse filme ainda
mais do que nos anteriores, fazendo alusões óbvias ao momento o qual passamos,
fazendo paralelos a questão de imigração, refugiados e ocupação de espaço e
poder de um povo sobre outro. Não só da questão de latinos e islâmicos se
aproveita, também claramente comparando a situação dos símios à dos negros
durante os últimos séculos e aos judeus durante vários períodos chave da
história mundial como a era nazista.
O filme é o mais melancólico e
frio da trilogia, com uma carga dramática forte e tocante, algo impressionante
considerando o uso de captura de movimentos acompanhada de computação gráfica. Por sinal, a atuação e emoção expostos atrás do CG se mostram mais impactantes
e tocantes que muitas representações feitas puramente em live-action. Andy
Serkis, agora interpretando um César mais evoluído e com fala mais
desenvolvida, carrega o filme nas costas apresentando uma atuação magnífica e
assustadora.
Apesar da amargura do tom do
filme, há leves espaços para humor que ficam a cargo do personagem Bad Ape /
Macaco Mal (Steve Zahn) que apresenta momentos divertidos seja com seu jeito
desajeitado ou por sua expressão boba. Apesar disso, é um personagem que no
fundo desse tom mais leve possui uma carga também melancólica.
A trilha sonora sempre foi um
ponto forte da franquia e aqui se sobressai. Composta por Michael Giaccino (que
também faz um bom trabalho em Homem-Aranha: De Volta ao Lar), possui uma
mistura de sons mais indígenas usando tambores e batidas, enquanto reserva para
momentos mais dramáticos leves sons de piano e violão, com tudo sendo encaixado
perfeitamente nos momentos adequados.
Em um misto de metáfora
religiosa, guerra e western, Planeta dos Macacos: A Guerra é um dos finais de
trilogia mais magníficos produzidos para o cinema em uma saga que se superou a
cada filme. Mesmo com uma deixa de espaço suficiente até mesmo para uma nova
trilogia, o filme termina de forma que facilmente pode ser conectado ao clássico
de 1968. Em uma direção primorosa de Matt Reeves com uma cinegrafia belíssima
de Michael Seresin e a atuação deslumbrante de Andy Serkis, o terceiro ato da
saga de César pode facilmente ser classificado como um novo clássico
cinematográfico.
Há excepcional valentia em se construir longas cenas dramáticas voltadas unicamente para o desenvolvimento emocional de um personagem criado a partir de capturas digitais. Eu amo os filmes como este, também recomendo assistir Professor Marston e as Mulheres Maravilha, este filme é um dos melhores filmes de 2017 que estreou o ano passado. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Amei que fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações. Sem dúvida a veria novamente, achei um filme ideal para se divertir e descansar do louco ritmo da semana.
ResponderExcluirJudy Greer é uma ótima atriz, é muito talentosa e bonita, não há filme que não me surpreenda. Eu gostei e você? Me surpreendeu a atriz. Seu trabalho é excelente como neste filme. Sigo muito os filmes com Judy Greer, sempre me deixa impressionada em cada nova produção. A vi recentemente em um filme chamado 15:17 Trem Para Paris, foi uma de os melhores filmes de drama eu recomendo!, o êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Foi meu filme preferido.
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