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Review | Procurando Dory


Ora, ora, não seria esse o primeiro artigo do Pipoca Livre? Talvez publicado até antes de uma introdução do blog, mas... Whatever, menos lenga lenga, mais conteúdo! Esse artigo foi escrito logo após sair do cinema e ter visto o filme, tava separado pra ir pro Blog Mil na época, mas não rolou. Bem, agora vocês podem ler, por coincidência na mesma época em que está saindo em DVD e Blu-Ray.

A última animação que realmente peguei pra ver foi justamente da Pixar, Divertidamente. Sinto que minha essência infantil vem se perdendo ao passar intervalos tão grandes ser ver animações, mas acho que é fase. Voltando... Eu resolvi novamente me arriscar nesse universo sombrio chamado “sessão de filme infantil no cinema durante as férias”.

Quem já entrou nesse desafio sabe do que eu tô falando, tanto é que teve até campanha de Facebook falando pra crianças não irem. Pra quem fez essa campanha, apenas indico meu dedo médio durante alguns minutos sem abaixar. Velho, não importa se o filme é uma sequência de outro de 13 anos atrás. Aposto que tem muita gente aqui que não era nascida quando saiu Rei Leão ou era extremamente novo, mesmo assim viu (se não viu, é algo realmente triste). E outra, criança não tem culpa que você é um marmanjo de barba que, pelo fator nostálgico, tá indo ver filme de peixinhos. Se só pudesse ver O Despertar da Força quem viu Uma Nova Esperança na época, só teria um bando de quarentões/cinquentões/sessentões nas salas, então... rsrs


Após esse leve desabafo, vamos voltar ao foco do texto, mas que nem foge tanto dele. Eu realmente lembro a primeira vez que vi Procurando Nemo. Foi logo na época do filme mesmo. Não foi no cinema, essa experiência só fui ter foi em 2005, com Madagascar, mesmo assim, era uma versão piratona de cinema. Devem estar lembrando dos saudosos DVDs de banca, antes da internet virar essas mil maravilhas, com pirataria full HD de um lado, e Netflix (e programas similares) de outro. Nesse caso não era bem DVD... Não, era um VHS MESMO. Eu já tinha DVD player na época e tals, mas alguns devem se lembrar que alguns aparelhos tinham treta pra ler DVD pirata né?

 Lembro que esse VHS foi comprado num passeio com a minha mãe pra Campinas num dia chuvoso, chuva essa que danificou a fita, cagando no começo do filme. Digamos que isso só tornou aquele começo com a morte da mãe do Nemo ainda mais dark. Mas realmente focando no filme, lembro que realmente foi uma daquelas experiências ótimas. Sempre fui alegrado demais pelos filmes da Pixar, Monstros S.A. deve estar no meu TOP 10 geral de filmes. Infelizmente, como a maioria deve saber, a Pixar vem dando umas vaciladas feias ultimamente. Desde 2010, com Toy Story 3, que já se vende por completo pela nostalgia, fechando uma trilogia (essa que creio ser a mais bem aprovada no Rotten Tomatoes), quase nenhum filme dela empolgou. Nenhum pra mim chega a ser ruim (nem Carros 2), mas aquela essência tava se perdendo, até Divertidamente, esse que trouxe algo novo, a verdadeira cara da Pixar.


Eu realmente gosto de Divertidamente, mas acho que o povo exagerou demais no tal tratamento da mente no filme. Parecia ser algo realmente profundo pela boca do povo, mas acho que minhas expectativas passaram um pouco da casinha (quem mandou estar lendo Sandman na época?). O Bom Dinossauro? Deixei passar, assumo, mas ao que parece caiu nas mesmas pedras dos outros filmes recentes da Pixar. Mas e agora, com Procurando Dory? Outro filme derivado, O TERCEIRO NESSA DÉCADA! A verdade é que esse é um filme que a Pixar vem comentando a anos e, ao assistir, realmente notei um esmero muito acima de caça-níquel, como se o que é mostrado aqui, já estivesse bolado no “lore” desde 2003.

Pra começar, um dos grandes acertos do filme: Ele é uma sequência e uma prequela ao mesmo tempo. Parece que ao notar os problemas de aceitação de Carros 2 e Universidade Monstros, a Pixar decidiu unir as duas coisas e ver no que dava. O resultado: um acerto incrível. O filme começa mostrando as origens de Dory, desde ela pequena, até o momento que conheceu Marlin no primeiro filme. Depois disso, pulamos 1 ano, agora como uma sequência. Já vimos isso acontecer em MIL filmes, mas aí vai a grande sacada do filme.


Como todos devem se lembrar, o grande problema da Dory era a perda de memória recente, essa que era o maior alívio cômico do filme. Aí é que entra a genialidade da Pixar. Ela decidiu transformar aquilo que era apenas uma grande piada, em um verdadeiro drama, extremamente pesado, se for parar pra pensar bem. O começo do filme realmente é algo pesado pra quem é sentimental (não que eu seja, rs), logo notando essa mudança de tom. E aí vem outro detalhe: o passado da Dory não foi todo contado nesse início, com ele sendo mostrado durante flashbacks dela mesmo durante toda a jornada. É um verdadeiro drama psicológico, do tipo que o protagonista não sabe quase nada do passado e vai atrás de respostas no seu inconsciente, buscando coisas que o ajude a lembrar detalhes específicos.


A jornada se inicia com Dory tendo um devaneio sobre seus pais, os quais falavam um endereço. Com a ajuda de Marlin e Nemo, eles partem pro outro lado do oceano (dessa vez sem nenhuma grande jornada) atrás de onde estariam os pais dela. Logo ao chegar, Dory acaba sendo pega por um centro de animais marinhos, que é aonde a história toda se desenrola, tudo no meio dos humanos. Lá ela acaba conhecendo Hank, um polvo que prefere ficar exposto em aquários do que viver no oceano, esse que, por esses interesses, acaba a ajudando na jornada. Outros dois novos personagens relevantes são Destiny, uma tubarão-baleia, e Bailey, um baleia-branca.


Voltando aos aspectos de narrativa, vemos um preconceito maior com Dory por seu problema de memória. Como disse, no primeiro filme isso ficava muitas vezes como uma piada, mesmo com Marlin sendo rude com ela várias vezes por seu problema. Aqui ela claramente se sente uma incapaz, principalmente por ela só conseguir lembrar de seu passado aos poucos, através dos devaneios os quais comentei. O filme nunca joga na lata o que realmente aconteceu, prendendo a atenção, não só pelo que está acontecendo, mas também pelo passado. 

Algo que ajuda demais na carga dramática do filme é a trilha sonora, sempre excelente nos filmes da Pixar, mas que nesse filme está claramente mais pesada, com tons bem mais emotivos, sendo bem colocada nos momentos mais importantes.


Outro detalhe, esse que reforça minha crença de que muito desse filme já estava bolado desde a época do primeiro, é o fato que ele explica muita coisa de Procurando Nemo, sem parecer forçado. Várias das coisas que a Dory faz no primeiro filme, que mais pareciam besteira, na verdade eram resquícios de seu passado que estavam perdidos na mente. Nada realmente parece forçado, e o fato de se passar apenas um ano após o primeiro filme ajuda bastante nisso.

Acho que por todo esse drama psicológico que, mesmo sendo de certo ponto de vista tenso, mas que possivelmente passa mais leve na visão das crianças, o filme trabalhe o lado emocional e mental de forma melhor que Divertidamente. Aqui não é uma retratação de crises no desenvolvimento de uma criança, passado por grandes mudanças, e até mesmo pela puberdade, mas sim de um caso que, se fosse um humano no lugar de um peixe, realmente seria um problema sério. Isso me dá boas expectativas para os próximos filmes dela, aonde dos 4 programados, APENAS 1 é original (Coco, programado pro ano que vem).


O filme deixa mais explícito o que representa a Dory no primeiro filme, sendo o oposto de Marlin. Enquanto ele é todo esquematizado, pensando muito antes de tomar as atitudes, ela simplesmente “continua a nadar”, faz as coisas sem pensar muitas vezes, de certo modo como uma criança. E, se fomos parar pra pensar, enquanto tudo levava a crer, racionalmente, que Nemo estava encrencado e que seria impossível resgatá-lo, a ousadia de Dory despercebida por ela mesma levou eles até P. Sherman, 42 Wallaby Way, Sydney. 


Enquanto muita gente pensa demais antes de tomar uma atitude, examinando possibilidades e chances, perdendo algo tão importante quanto tudo isso que é o tempo, as vezes é melhor simplesmente arriscar, partir direto e fazer aquilo que você quer ou precisa fazer. Enquanto examinar possibilidades pode apenas te dar a certeza que você vai fracassar, te levando com auto estima péssima na hora de tomar a atitude, simplesmente ir lá e fazer te deixa numa situação simples de sucesso ou fracasso, sem enrolações, assim como uma criança, ou como a Dory. E claro, se não der certo, CONTINUE A NADAR.



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