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O Ápice e a Ruína da Nintendo no Brasil Parte I: O impacto da Playtronic



Adivinha? É, mais artigo velho. Tô falando, vocês nem imaginam o tanto de coisa que tenho guardada, e talvez esse seja o artigo que mais necessite de revisão. Ele foi escrito logo após a Nintendo ter vazado do país, quando a crise disparou, lá no começo do ano passado. Tinha até uma parte crítica sobre o assunto, mas provavelmente nem vai aparecer, até porque minhas opiniões obviamente mudaram com o tempo. Wii U aparentava ainda ter um mínimo de sucesso, e o NX, agora conhecido como Nintendo Switch, era apenas um rumor. Provavelmente isso daqui vai ser publicado em diversas partes, já que na época isso rendeu umas 27 páginas só de texto. É, foi coisa pra burro.

O foco do artigo aqui é na história da Nintendo no Brasil. É um assunto um tanto conturbado, por isso foi necessário uma baita pesquisa sobre o assunto, entre scans, comerciais, artigos, entre outros lugares. Como disse, isso daqui vai render, então no começo de cada artigo, uma OSTzinha marota da Nintendo pra ouvirem:



A Nintendo surgiu no Japão no dia 22 de setembro de... MIL OITOCENTOS E OITENTA E NOVE! SIM, A DOIDA AE TEM 127 ANOS! Sim, nessa época nosso imperador era Dom Pedro II e fazia cerca de um ano que não tínhamos escravos. Obviamente ela não começou fazendo video games até porque... NÉ? Ela trabalhava com card games, quase que Yu-Gi-Oh!’s da época, mas claro, você não invocava um dragão, capiroto, robô, cavalo, amendoim, geleia, sereia, cigarro, pastel ou essas viagens doidas da década de 1990 (sim, eu tenho certeza que exagerei ao comparar com Yu-Gi-Oh!, mas é mais engraçado que comparar com Magic). Era um jogo feito de modo artesanal chamado Hanafuda. No fim da década de 40 a Nintendo chegou a produzir cards da Disney.

Os cards, na década de 70 começaram a perdem mercado por causa de vídeo-games e mini-games da Bandai e da Atari, daí pra não falirem criaram uma série de mini-games chamados Game & Watch, esses que tiveram seu design como inspiração pro Nintendo DS. Também tentaram apostar em fliperamas, esses que não davam lucro, até que um japa louco chamado Shigeru Miyamoto criou, em 1981, um jogo doidera chamado Donkey Kong. O resto acho que todos já sabemos, né? O jogo fez um enorme sucesso, assim como suas sequências e seu “spin-off” (hoje chega a ser piada pensar que foi quase isso mesmo) chamado Mario Bros., levando a Nintendo, em 1983, a lançar o Famicom (o NES, lançado em 1985 nos EUA) e bem... Super Mario Bros., The Legend of Zelda, Metroid, Kirby... Pouco, não?

Guerras Clônicas

Agora vamos falar da nossa terrinha tanto amada: Brasil-sil-sil! Bem, quando o Famicom saiu, ainda estávamos no período de redemocratização. Bem, durante a ditadura existia um apelo pelo fortalecimento da indústria nacional, chegando a proibir, em certos setores, a importação de produtos. Em outras palavras, mesmo existindo um produto bom no exterior, você teria disponível para a compra apenas os produtos fabricados aqui, esses que muitas vezes eram extremamente mais caros e... com qualidade inferior. Um desses setores era a informática, com vídeo games inclusos. Então não tinha vídeo game no Brasil na década de 1980? NÃO! A questão é que essas regras abriam ENORMES brechas para quebras de patentes. Simplesmente uma empresa podia copiar as peças de um produto estrangeiro, botar numa carcaça nova e vender como um produto diferente e... Sim, o Nintendinho foi parar na brincadeira. Clones do NES eram populares no mundo todo, ainda mais em países no qual ele não era distribuído, como na Rússia.

Esses clones chegaram no Brasil em 1989... MAS PERA! Ditadura já tinha acabado, né? Mas acho que todos sabemos que aqui o “processo é lento e o bagulho é louco”, então ainda no mandato de José Sarney ainda tínhamos algumas leis da ditadura atuando no Brasil, mesmo que não tão fortemente, por motivos óbvios. Os primeiros clones que tivemos fomos Top Game VG-8000 da CCE, o Dynavision da Dynacom e, o mais importante e popular, o Phantom System, da Gradiente, console com quase o mesmo visual do Atari 7800, mas ao ver que o console estava fracassando, resolveu clonar o NES. Mas porque o mais importante? Bem, vamos ver a seguir.




Playtronic: Uma parceria revolucionária

Eis que, no começo dos anos 90, adivinha no mandato de quem ocorre uma mudada nessas leis relacionadas a informática? Fernando Collor de Mello (sério, eu tô com um coceira enorme pra fazer piada sobre Game Boy...). Com alterações nas leis, a Nintendo, vendo que o Brasil parecia ser um mercado promissor, mas que estava sofrendo de enorme pirataria, resolve pousar por aqui no ano de 1993 (já após Collor ser chutado), se unindo a Gradiente (produtora do Phantom System) e a Estrela (sem dúvida a maior empresa de brinquedos que atuava no Brasil) para formar a Playtronic. Mas antes disso a Nintendo já estava buscando se ajeitar aqui no nosso país desde 1991.

Desde o início ela sempre se focou em uma parceria com a Gradiente, mas com quase dois anos de processo, muito se supôs sobre alguma parceria com a Machine (empresa que controlava a Sharp na época) e a CCE. Aliás, enquanto não acertava uma parceria de produção nacional, o Game Boy, o NES e o Super Famicom (Super Nintendo) foram importados oficialmente para o Brasil, através da empresa C. Itoh.

Eu falei que não iria aguentar...

Sem dúvida um dos maiores motivos para a Nintendo resolver vir para o Brasil foi que sua maior rival, a Sega, estava oficialmente no Brasil desde 1989, tendo seus consoles produzidos por aqui, sem importação (logo, sem tantos problemas com as leis ainda vigentes). Talvez a maior surpresa foi o sucesso de vendas do Master System, que teve vendas pífias nos EUA, pelo sucesso imbatível do NES. A mesma Tec Toy chegou a lançar o Mega Drive e o Game Gear (primeiro portátil lançado no Brasil) meses após o lançamento oficial nos EUA, deixando a Sega com uma boa vantagem, algo refletido na conquista do mercado, aonde possuía mais de 60% dos vídeo-games vendidos, sendo que o Master System não representava nem 5%.

Sega tava devorando o mercado nacional de games...

O primeiro console que a Nintendo lançou no Brasil foi o Super Nintendo, até porque em 1993 o NES já estava mais do que ultrapassado (já tínhamos o Jaguar, console já em 3D, para se ter noção), mesmo que o Master System ainda tivesse enormes vendas (e isso só parou lá por volta de 2006, e olhe lá). Ele chegou em duas versões, sendo a mais barata a Control Set que vinha com o console e o controle e a Super Set, que vinha com 2 controles e o cartucho de Super Mario World (a minha versão, aliás, mesmo que o meu tenha sido comprado em 1998, com a caixa já atualizada com anúncios dos jogos mais “recentes”).

Além de Super Mario World tivemos mais onze jogos lançados junto ao lançamento nacional do console, que foram: Street Fighter II, Super Mario Kart, Star Fox, Super Soccer, Super Tennis, Vegas Stakes, NCAA Basketball, Pilotwings, SimCity e... A LENDA DE ZELDA: UM ELO COM O PASSADO! Sim, traduziram até mesmo o nome do jogo, algo digno de nota. Com isso fica óbvio que os manuais eram todos em português também, algo que a TecToy já fazia. Infelizmente foram poucos os jogos traduzidos por completo (a TecToy, por exemplo, traduziu Phantasy Star inteiro, além de trazer jogos exclusivos do oriente como Yu Yu Hakusho: Sunset Fighters), mas entre os traduzidos temos o clássico Super Copa, que na verdade era o game Tony Meola’s Sidekicks Soccer, que além dos idiomas português e espanhol, trazia anúncios de empresas famosas no Brasil como Adidas e Elma Chips.



Depois desses, ainda tivemos no lançamento os acessórios Super Scope 6’, uma bazuca com sensores infravermelhos que de brinde vinha com um cartucho com 6 jogos de tiro. Além dele também tivemos o clássico Mario Paint, esse que vinha com Mouse e Mouse Pad.

A Legenda de Zelda: Link vai Pastar

Curiosamente o Nintendo 8 bits chegou a ser comercializado poucos meses depois do Super Nintendo, de forma oficial no Brasil, quebrando o MITO de que o NES nunca saiu oficialmente no país. Infelizmente o console ficou disponível pouco tempo nas lojas, já que o preço pouco inferior ao do Super Nintendo o tornou um fracasso de vendas. Ele foi vendido em um Action Set, o qual vinha um controle o game Super Mario Bros. 3. Curiosamente esse era o nome de uma versão do NES americano que vinha com DOIS CONTROLES, uma pistola e um cartucho no qual vinham Duck Hunt e Super Mario Bros.

Aposto que a maioria nunca viu um desse na vida


Em abril do ano seguinte, 1994, foi lançado o Game Boy, como é possível ver nesta notícia perdida nos arquivos do site da Folha. O Game Boy foi lançado no Brasil para tentar roubar o lugar do Game Gear, que estava no Brasil há anos sem sequer um tipo de rival. Interessante é ver que a Playtronic, mesmo com menos de 1 ano no mercado brasileiro já havia lançado mais de 50 jogos para o Super Nintendo.


Um grande destaque da Playtronic em seu início foram as propagandas e comerciais televisivos. Já no primeiro comercial já tínhamos a clássico imagem do Mario com a bandeira do Brasil, com um comunicado sobre a vinda da empresa e que agora finalmente teríamos produtos oficiais dela. Também é possível achar anúncios de promoções e do clássico Killer Instinct.





Outra campanha de marketing bacana foi uma showroom chamada World of Nintendo, aonde era possível fazer visitas durante agosto de 1993 para testar o que estaria por vir nos próximos meses no Brasil.





Bem, com todas essas coisas, é claro que a Playtronic investiu bastante no Brasil, né? Bem, ela investiu bem, ATÉ DEMAIS. Sabem o motivo? Ela... Bem... LANÇOU O VIRTUAL BOY NO BRASIL! Sim, o infame “portátil” (ele era maior que um Wii!) foi lançado por aqui. Bem, acho que nem preciso dizer que foi um fracasso (se até no Japão que a galera compra qualquer coisa da Nintendo foi um fracasso, imagina aqui). Consegui achar umas poucas imagens de um desses nacional, mas sequer há algo comprovando que era mesmo da Playtronic.
Na Legenda dizia que era nacional, então vou acreditar...


O Fim por Hoje

Por hoje ficamos por aqui. Um resumo de como era o mercado brasileiro de games ainda no processo de redemocratização do país, até o último feito da Playtronic no Brasil (irão entender melhor isso na próxima parte. Espero realmente que tenham gostado e que acompanhem essa série que irei ficar publicando. Mais "históricos" e compilações de propagandas já são planejadas. BYE!

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