Review | Whiplash
E aqui estamos com o primeiro post de 2017 no blog. Passada algumas semanas desde o último review, que podemos chamar de um pequeno período de férias, vamos discutir sobre um dos filmes mais elogiados dos últimos tempos: Whiplash.
Whiplash é um filme independente
de 2014 e que teve a honra de disputar o Oscar de melhor filme em 2015. É dirigido e roteirizado
por Damien Chazelle, esse que está novamente sob holofotes com o prestigiado La
La Land. Nascido de um projeto de curta-metragem de 2013, conseguiu
financiamento do Instituto Sundance para se tornar o longa-metragem apresentado
nos cinemas.
O drama musical é estrelado por
Miles Teller (série Divergente, reboot do Quarteto Fantástico) que protagoniza
o filme com o personagem Andrew Neiman, um baterista estudante de jazz com
grandes ambições de futuro. Ainda sendo um dos novatos da escola, ele consegue
uma chance de ouro que é participar da banda da escola, que tem como professor e
maestro Terence Fletcher, interpretado de forma magistral por J. K. Simmons
(Homem-Aranha, The Closer).
O filme poderia seguir um padrão
de simplesmente mostrar as dificuldades da vida para alcançar seus objetivos. E
bem, é isso o filme, mas de uma forma menos convencional. A maior pedra no
sapato de Andrew parece ser justamente seu professor, Fletcher, esse com
métodos aparentemente extremos. Com uso de violência verbal e até mesmo física,
Terence leva seus alunos ao limite psicológico, os aterrorizando até que se
enquadrem perfeitamente em seu “tempo”.
Enquanto Andrew tenta se manter
na orquestra da escola, lidando com temperamento de Fletcher, ele ainda tem que
lidar com suas relações pessoais. De um lado sua família, que completamente o
desmotiva para sua carreira, menosprezando a profissão de músico. Ao mesmo
tempo ele tem Nicole, interpretada por Melissa Benoist (Supergirl), sua
namorada, a qual o mesmo não sabe lidar muito bem, muitas vezes a
menosprezando.
É de caráter notável o fato de o
protagonista estar longe de ser alguém perfeito. Ao contrário, é um jovem
completamente falho, anti-social, que muitas vezes soa egoísta e metido, tudo
por uma busca implacável pela perfeição. Durante todo o filme ele se mostra
alguém completamente exagerado, passando dos limites físicos e psicológicos
para alcançar seus objetivos. Não são raros momentos de sangue pingando na
bateria, pelo excesso de treino e prática para se aperfeiçoar. Ponto positivo
para Miles Teller, que consegue representar bem a instabilidade do personagem
de uma forma realista, ao mesmo tempo que consegue causar empatia em quem
assiste, mesmo com atitudes erradas.
Apesar de Andrew ser um
personagem extremamente bem trabalhado, o grande destaque sem dúvida é Fletcher
(algo que se refletiu nos mais de 30 prêmios que Simmons conquistou pelo
papel). Um personagem que age de forma aparentemente insana, que consegue mudar
de personalidade de uma forma rápida, natural e fria. Os berros, xingamentos e
tapas na cara são elementos que representar perfeitamente de forma visual a
raiva que Simmons tenta passar ao personagem. Ao mesmo tempo em que o personagem
poderia possuir uma quantidade suficiente de características para ser odiável, é
possível notar uma humanidade em Terence, que ao mesmo tempo que maltrata
demais seus semelhantes, também possui carinho e afeto. Fletcher parece fazer
de tudo em nome da música, da mesma forma que Andrew.
Damien Chazelle, mesmo estando em
um de seus primeiros trabalhos, se mostra incrivelmente acima da média, seja no
quesito de roteiro ou direção. Enquanto que ele consegue narrar bem a história
e explorar a personalidade explosiva dos personagens, atrás das câmeras eles
consegue dar um dinamismo impressionante, deixando quem assiste tenso, aflito,
mantendo muitas vezes um ritmo frenético que te prende em cenas longas. Ele
consegue passar um realismo impressionante em Andrew tocando bateria, demonstrando a tensão de como seria estar no lugar dele e sofrendo por qualquer atraso ou
adiantamento que possa dar errado. Chazelle passa para tela algumas de
suas próprias experiências, já que o mesmo já teve que lidar com um professor
abusivo ao estudar bateria.
Mesmo sendo um filme com enfoque
na música, a trilha sonora fica mais marcada pelas "Caravan" e "Whiplash" de Juan
Tizol e Hank Levy, respectivamente, do que pela trilha original de Justin
Hurwitz. Essas duas músicas tocam diversas vezes durante o filme, o que acaba
trazendo uma familiaridade com elas, assim como deve ser na cabeça dos
personagens que já sabem de cor as mesmas.
O filme deixa a critério do
telespectador analisar e interpretar qual seria a mensagem do filme. Se seria
que é necessário um grande esforço para se alcançar objetivos, mesmo que isso
signifique se abalar de vários modos, sendo necessário as vezes métodos mais
agressivos, ou se isso representado no filme seria uma grande crítica ao
excesso, tanto de esforço, tanto de tentativa de ensino. A grande verdade é que
o filme parece tentar passar uma mensagem envolvendo esses dois “lados”,
reforçando que é sempre necessário mais e mais esforço para sempre melhorar,
mas que há certos exageros que são malignos.
Whiplash sem dúvida alguma se
trata de uma obra excepcional do cinema norte-americano. Ao mesmo tempo que se
trata de um filme que envolve abuso psicológico em busca de objetivos, algo
presente em vários bons filmes, ele consegue se manter com identidade. Se
tratando de um projeto praticamente independente, o mérito é ainda maior. Com
um dinamismo impressionante e um final eletrizante e espetacular, é uma obra
com esmero tanto no roteiro, quanto na direção e nas atuações, sendo, sem
questionamentos, um dos melhores filmes dessa década.




Excelente filme, amei muito a história é perfeita. Lembro os papeis iniciais de Miles Teller, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador, sempre demostrou seu talento. Desfrutei muito sua atuação em Homens de Coragem filme, cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco, sobre tudo é baseado em faitos reais, a história me tocou.
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